O romantismo foi um movimento artístico, intelectual e filosófico que surgiu na Europa (inicialmente na França, Alemanha e Inglaterra), após a Revolução Francesa, no final do século XVIII. Na maioria dos outros locais, atingiu seu ápice na metade do século XIX.
O romantismo surge no momento em que a burguesia acabara de conquistar o poder político. Essa classe política queria transmitir para o povo ideais sobre o amor, o sentimento, Deus e espiritualidade, o patriotismo e a valorização do indivíduo.
Por isso, o período romântico ficou conhecido pela rejeição a racionalidade, da objetividade e do belo, característicos do Classicismo, o movimento anterior ao romantismo. O romantismo foi um movimento oposto não só ao classicismo, mas também ao Racionalismo e ao Iluminismo.
Os românticos defendiam a subjetividade, onde a visão do mundo era focada na idealização de tudo, nas emoções e sentimentos do indivíduo, nunca na realidade. Por isso, este período marcou a mudança de pensamento e comportamento do mundo ocidental, dando o início a modernidade.
A manifestação de todas essas características pode ser vista nas artes plásticas, na música, na literatura, na política e na arquitetura da época, dividida em dois discursos principais:
- o sublime, que consiste nas grandiosidades, nas transcendências e no homem herói, que morre pela pátria e por amor (visto na história de Romeu e Julieta, obra do escritor William Shakespeare, por exemplo);
- e o pitoresco que é mais escuro, tenebroso e inatingível. A estética do que é considerado “feio” também faz parte de obras românticas importantes, como o Corcunda de Notre-Dame e Frankenstein, por exemplo.
-
Características do romantismo
Considerando que o romantismo buscava um afastamento dos valores de urbanização, progresso e racionalidade, a maioria das suas características são oposições diretas a esses padrões.
Esses aspectos pertenciam a movimentos anteriores, como o classicismo. Entre os principais traços do movimento estão:
Idealização
A idealização é uma das maiores características do período romântico, porque os artistas românticos frequentemente se retratavam como heróis rebeldes, à margem da sociedade e viam seu trabalho. Isso tudo como uma forma de mudar a própria vida ou da sociedade.
Por esse motivo, era comum que a arte romântica retratasse as injustiças sociais e as opressões políticas da época, apresentando a visão do artista sobre o que seria ideal para a questão.
Este homem herói também se manifestava como o indivíduo que buscava uma pátria ou um amor ideal, perfeito, fora da realidade, sempre priorizando as suas próprias expectativas e sentimentos.
Individualismo e subjetividade
Os escritores, pintores e escultores românticos valorizavam o indivíduo, suas próprias opiniões e sua visão sobre o mundo.
Assim, a originalidade era muito importante nas artes. Era ela que consegua apresentar a visão do autor quanto ao que era produzido.
Através da subjetividade, o indivíduo podia expor suas opiniões e idealizações no discurso pessoal, através de sentimentos e emoções, fugindo da realidade ou do que era concreto.
Valorização das emoções e sentimentos
Para o romantismo, não existia o lógico, o racional ou até mesmo o concreto. Defendendo que as emoções e os sentidos eram igualmente importantes na formação do raciocínio do indivíduo.
A presença da emoção e dos sentimentos dos autores nas obras é uma das características mais marcantes no movimento. Era comum, principalmente nas obras literárias, encontrar descrições melancólicas, tristes e sentimentalistas dentro das histórias.
Exaltação da natureza
Para os românticos, a natureza consistia em uma força incontrolável e transcendental que, apesar de estar relacionada, era distinta dos elementos físicos como árvores, folhas, etc.
Foco na imaginação
Considerando que o romantismo representava uma fuga dos valores da época, os pensadores e artistas românticos frequentemente a imaginação, nas sua produções
Contexto histórico do romantismo
O Romantismo surgiu durante o período conhecido como Era das Revoluções, entre os anos de 1774 e 1849, no qual diversas transformações políticas, sociais e econômicas ocorreram no ocidente.
Entre os principais movimentos revolucionários da época estão a Revolução Industrial e a Revolução Francesa.
Outro grande acontecimento político desse período foi a ascensão da burguesia ao poder, durante a Revolução Francesa. Foram esses políticos que queria passar novos ideais a sociedade, quanto aos sentimentos, valor das emoções e do indivíduo, que foram esquecidos pelos movimentos anteriores, como o classicismo.
Movidos pelos mesmos ideais de mudança, os artistas românticos passaram a mudar não só a teoria e a prática de suas artes, mas também a própria forma com que percebiam o mundo.
Essa transformação ultrapassou o campo artístico e teve imenso impacto na filosofia e na cultura ocidental. Esses aspectos passaram a aceitar a emoção e os sentidos como uma forma válida de experimentar a vida.
A influência das revoluções pode ser percebida nas características de idealismo e rebeldia, que foram marcantes nas obras produzidas no período.
O escapismo e o subjetivismo, que valorizavam mais os sentimentos individuais do que os coletivos, também podem ser colocados como uma influência do período histórico no romantismo.
O individualismo, outro aspecto do romantismo, era uma característica da burguesia da época, a classe social que acabara de ascender ao poder durante a Revolução Francesa.
Romantismo na literatura
O romantismo também se tornou um estilo literário inovador, porque permitiu que os artistas utilizassem a emoção e a espontaneidade. Assim, eles podiam explorar mais livremente os recursos artísticos dentro e fora da literatura.
Neste período, os romances literários tinham por base o sentimentalismo romântico e o escapismo, a condição de fuga do personagem, numa luta com o amor proibido ou não correspondido.
Por ter um forte apelo nacionalista, ovacionando e idealizando a pátria, a literatura romântica também enaltece o homem herói, que luta pelo amor e por sua nação. Além disso, os personagens são claramente vulneráveis e melancólicos, expondo suas emoções sempre em primeiro plano.
Alguns dos principais autores europeus românticos foram:
- O francês Victor Hugo, autor das obras Os Miseráveis e O Corcunda de Notre Dame;
- O inglês Samuel Taylor Coleridge (1772-1834), autor da obra A Balada do Velho Marinheiro;
- O alemão August Wilhelm (1767-1845), autor da obra Ramos de Flores;
No Brasil, alguns dos autores que marcaram o período romântico foram:
- Aluísio Azevedo (1857-1913), autor da obra O Cortiço;
- Casimiro de Abreu (1837-1860), autor da obra Primaveras;
- Gonçalves Dias (1823 - 1864), autor da obra Canção do Exílio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário